"José Pinto Carneiro, que desdobra o seu labor
 literário nas mais variadas formas, desde o romance policial 
humorístico (é possível que tenha sido O estranho caso da boazona que me
 entrou pelo escritório adentro o seu romance de maior sucesso
 crítico) a guiões de séries de televisão, incorre aqui num exercício de
 blasfémias a metro, não apenas sob a forma da própria premissa do 
livro, mas a cada frase, evento ou citação cultural (que tem espaço para
 citar desde as cargas policiais portugueses a Quentin Tarantino). O 
desenho de Álvaro é apresentado na sua tipificada forma simplificada e 
efectiva, e onde a organização dos ritmos é, como sempre, exímia. Se bem
 que o artista prefira, a maior parte das vezes, apresentar uma 
figuração sumária, o que lhe permite não apenas uma certa rapidez de 
execução mas uma espécie de “suficiência” na representação desejada, 
isso não significa que não haja momentos onde procura ora momentos de 
maior precisão de rostos (sobretudo naqueles que citam alguém real), ora
 uma capacidade vincada em mostrar as mais diversas expressões dos seus 
personagens, ora ainda em criar cenas de maior pormenor, como as cenas 
de grandes espaços identificáveis. É também verdade que em muitos casos o
 autor utiliza aqueles recursos tipificados do estereótipo, sobretudo no
 que diz respeito aos “Outros” étnicos – os Reis Magos, o próprio José 
-, mas isso faz parte deste tipo de humor corrosivo que não observa 
regras de decoro social ou limitações policiadas pelo “bom gosto” e o 
“bom senso”."Comentário do Pedro Moura na íntegra aqui: http://lerbd.blogspot.pt/2014/12/no-presepio-jose-pinto-carneiro-e.html